O que os números de ansiedade e de acidentes de trânsito dizem sobre a nossa forma de viver
- Isabel Debatin

- 18 de set.
- 1 min de leitura
Atualizado: 19 de set.
Ontem pela manhã ouvi no rádio uma reportagem sobre a Semana Nacional do Trânsito e na sequência traziam informações em tempo real sobre acidentes. Consequentemente, os jornalistas fizeram comentários sobre como a pressa tem sido responsável por uma quantidade absurda de acidentes bobos, aqueles que poderiam ser facilmente evitados. Logo depois, um ouvinte comentou: “estamos tão acostumados a ter tudo na hora [fazendo uma analogia ao uso do celular] que isso está se refletindo até no trânsito, ninguém quer esperar sua vez”.
E é exatamente isso. Vivemos no ritmo do scroll infinito, dos vídeos curtos, da dopamina imediata. Não conseguimos mais ler um texto de um minuto sem perder a concentração. Queremos um livro inteiro resumido em 12 minutos de áudio. Transferimos essa pressa para tudo: atravessar a rua, responder mensagens, fazer escolhas, esperar o sinaleiro abrir.
Dias atrás, no trânsito, parei em uma rotatória, deixei alguns carros passarem e, quando já estava quase indo, vi uma moto vindo, logo ali. Obviamente, esperei o motociclista passar. O motorista atrás de mim muito apressadinho (e, ignorante) meteu a mão na buzina (confirmando o adjetivo usado anteriormente para descrevê-lo kk), como se meu cuidado fosse um atraso imperdoável (haja terapia). Fiz questão de continuar devagar, porque nada precisa acontecer exatamente na hora em que ele quer. :)
Essa pressa custa caro. Às vezes, custa a paciência. Outras vezes, custa a vida. O Brasil já tem índices altíssimos de ansiedade e acidentes de trânsito, e talvez a lição seja essa: desacelerar é um ato de responsabilidade, não só com a gente, mas com todos ao redor.



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