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Não é o fim do mundo: é só o fim de ano

  • Foto do escritor: Isabel Debatin
    Isabel Debatin
  • 3 de dez.
  • 3 min de leitura
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O fim do ano costuma chegar como um grande alerta vermelho. O calendário vai acabando, as metas vão se acumulando, e a sensação é de que estamos todos numa corrida contra algo que nem sabemos exatamente o que é. Todo mundo apressa o passo, as demandas aumentam, e a gente entra naquele ritmo frenético que parece inevitável, como se dezembro fosse o fim do mundo.


Mas não é.


Eu sempre repito: dia 31 de dezembro, meia-noite, o ano vira. E a vida continua. As pendências continuam. As histórias continuam. A gente continua. E talvez seja exatamente por isso que desacelerar nesse período faz tanto sentido.


Quando o ano é turbulento, o fim não precisa ser


2025, pra mim, foi um ano turbulento. Um ano de emoções fortes, de saúde mental balançada, de muitos momentos importantes dentro da terapia. E quando dezembro chegou… o meu “boom” já tinha acontecido antes. Eu já tinha começado a desacelerar, e isso mudou completamente a forma como pretendo viver esse mês. Eu não entrei na onda do desespero, mas eu vejo nas pessoas com quem eu convivo. Essa sensação coletiva de “preciso fazer tudo antes que o mundo acabe”. Só que esse ritmo, pra mim, é mais uma criação social do que uma necessidade real. É um condicionamento que a gente repete no automático. E, quando percebi isso, parei de entrar nesse ciclo.


O fim do ano não é um ponto final — é só uma vírgula


A gente cresce acreditando que dezembro é uma espécie de fechamento dramático. Mas quando entendi que o ano que acaba e o ano que começa são só números no calendário, muita coisa ficou mais leve. è claro que, em meio a tudo isso, ciclos se encerram, contas fecham, boletos vencem (como acontece sempre). E, claro, tem coisas que a gente precisa, sim, finalizar. Mas tem outras que podem, e devem, ficar para o próximo ano.


A aceleração absurda que começa em novembro e aumenta até o Natal é, muitas vezes, apenas uma euforia disfarçada de obrigação. A gente corre tanto porque tem medo de “não merecer descansar”. Como se o descanso fosse um prêmio e não um direito.


E esse foi um ritual que comecei a seguir há uns dois anos: não esperar estar exausta para me permitir parar. Desacelerar por escolha, não por colapso.


Retrospectiva sem autopunição: olhar para trás para decidir como seguir


Esse ano eu fiz uma retrospectiva diferente, que não virou cobrança. Virei a lente: ao invés de observar tudo o que “faltou”, passei a olhar para o que vivi e para o que aprendi, principalmente sobre o que não quero repetir.


Retrospectiva, pra mim, é mais emocional do que prática. É sobre:

✔️ entender caminhos que não quero mais seguir;

✔️ identificar relações que não quero mais carregar;

✔️ perceber histórias que não fazem mais sentido;

✔️ reconhecer o que ainda precisa de cura.


Não é sobre fechar o ano perfeita, mas sobre começar o próximo consciente.


Descanso real não é só dormir, é deixar a mente respirar


Descansar de verdade, pra mim, é esvaziar um pouco a mente. É parar de procurar soluções para tudo o tempo todo. É dar espaço para as coisas fluírem, sem controle absoluto. É mudar o ritmo: acordar em outro horário, dormir sem culpa, caminhar, ir para a praia, fazer um exercício num horário que normalmente seria impossível, conversar com quem faz bem sem precisar olhar o relógio, viver sem precisar responder 85365 mensagens urgentes no Whatsapp. É viver pequenas coisas que a rotina do trabalho suga da gente.


Descanso superficial é pausa física. Descanso real é pausa emocional. E é isso que a gente esquece em dezembro, quando acha que “não pode parar”.


Desacelerar é um ato de gentileza com o que virá


O fim do ano não precisa ser um desespero coletivo. Pode ser um tempo de aterrissagem suave.

Desacelerar não é perder tempo. É entender que o ano não termina quando tudo está pronto. Ele termina quando a gente decide que pode seguir. E, às vezes, seguir exige apenas uma pausa. Um reset gentil. Sem pressa. Sem culpa. Sem o peso de um mundo que corre, mas que não sabe exatamente pra onde.

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