Romcom core: o retorno das comédias românticas tem um motivo — e você vai se identificar
- Isabel Debatin

- 26 de jun.
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de jun.

Pode parecer só uma fase nostálgica, mas tem algo mais profundo acontecendo: as comédias românticas, que por muito tempo foram vistas como bobas ou descartáveis, voltaram com força total. E não é só nos streamings: elas estão nos TikToks com filtros retrô, nos “edits” com trilha de Norah Jones, nos looks com laços e florzinhas, e no desejo coletivo de leveza. O nome desse fenômeno? Romcom core.
Esse retorno não é à toa. Depois de anos de um realismo mais duro, séries pesadas, narrativas aceleradas e exigências de produtividade, parece que estamos buscando novamente os finais felizes. O romantismo açucarado [ou nutella, como costumeiramente chamamos] virou uma forma de escapismo [do caos que acreditamos, ou que realmente estamos vivendo] e também de crítica: afinal, a gente sabe que nem todo amor é perfeito, mas ainda assim, sonhar com ele virou um respiro.
Ao contrário dos anos 2000, hoje consumimos essas histórias com mais consciência. A gente sabe que muitos roteiros não são exatamente realistas, mas ainda assim nos envolvemos com eles. Afinal, tivemos aulas e aulas de que as histórias de princesa e todo aquele romance, na verdade tem dois lados, e podem não ser tão românticos assim. Até porque esse consumo, hoje, não é sobre acreditar num príncipe encantado, é sobre se permitir sentir. Se emocionar. Se distrair do mundo. É quase terapêutico torcer por duas pessoas que a gente nunca viu, mas que a gente quer ver se encontrando no fim do filme.
E o mais curioso é que, junto com a estética “Romcom core”, vem uma espécie de reabilitação da feminilidade, a mulher que se emociona, que é sensível, que escreve cartas, que espera por alguém, que decora a casa com luzinhas. Tudo aquilo que a gente aprendeu a criticar como “coisa de mulher boba” agora está sendo ressignificado como potência, como coragem de ser doce num mundo tão bruto.
Talvez seja isso que a gente esteja buscando: não só o romance, mas a permissão de ser leve. De não carregar o mundo nas costas o tempo todo. De assistir algo simples, bonito e previsível e sentir que, naquele momento, tá tudo bem.
Estética, presença online & no cinema
Não é só no imaginário: a estética reinou em 2023. Slip dresses, cardigans cropped, presilhas de borboleta e minissaias plissadas voltaram com tudo. E nas redes? O fenômeno é real:
O TikTok contabiliza mais de 2 bilhões de visualizações com #RomcomCore (dados do Pinterest);
Pesquisas por “2000s girl” subiram 235%, e “pink miniskirt” 145% .
Isso mostra que a gente quer viver como roteiristas da própria história e transformar pequenos momentos em cenas de filme, mesmo em dias comuns.

Depois de um período de vazio em bilheteria, o gênero está voltou à cena. Lembra que em 2023 o filme Anyone But You, com Sydney Sweeney e Glen Powell, levou milhares de pessoas aos cinemas? Pois é, ele tiveram um custo US$ 25 milhões, e faturaram cerca de US$ 220 milhões. Foi o primeiro filme rom-com a superar US$ 100 milhões globalmente em mais de uma década e a conquistar bilheteria constante com um crescimento impressionante mesmo após duas semanas em cartaz.
E não é só sobre 2023 que podemos falar... A Netflix e os cinemas também estão apostando de volta no gênero, lançando produções que misturam leveza com narrativas mais humanas e reais. Um tipo de romantismo com profundidade emocional, ideal pra mulheres na faixa dos 30, que entendem os dois lados do “felizes para sempre”.









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