O que a leitura faz com o cérebro
- Isabel Debatin
- 31 de jul.
- 1 min de leitura

Ler não é uma habilidade natural do ser humano. Ela foi criada, desenvolvida e moldada ao longo de milênios e, com ela, nosso cérebro também foi transformado. A leitura profunda ativa áreas específicas que nos permitem interpretar, imaginar, associar ideias e sentir empatia. Mas essa capacidade tão sofisticada pode estar se perdendo. Para a cientista cognitiva Maryanne Wolf, autora de O Cérebro Leitor, o hábito de passar os olhos rapidamente por textos em telas e redes sociais pode atrofiar o que levamos séculos para construir.
Wolf explica que o cérebro não nasce programado para ler ele se adapta. E quanto mais lemos, mais esses circuitos são fortalecidos. Ainda na infância, o contato com livros e histórias ajuda a formar não só o repertório verbal, mas também emocional. Em contrapartida, o uso excessivo de telas, especialmente entre crianças, pode comprometer o foco, a paciência e a capacidade de compreensão profunda. E isso impacta diretamente o desempenho escolar, o pensamento crítico e até o prazer em ler por prazer.
A leitura, segundo a autora, precisa ser resgatada como um “santuário” um lugar simbólico de descanso, autonomia e reflexão. O desafio é grande, mas começa em casa: com adultos que leem, contam histórias e cultivam o gosto pelos livros. Também passa por acolher e adaptar métodos para crianças com dislexia, uma condição muitas vezes confundida com preguiça ou desinteresse. “Precisamos ajudar as crianças a encontrarem o prazer da leitura desde cedo — mesmo que no começo seja só com uma história simples”, defende Maryanne.
Fonte: BBC News Brasil
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